morro do Macaco

sábado, abril 14, 2007

problemas domésticos - pesadelo (2)

Minha fome rói teu cérebro. Um enorme cupim começa devorando primeiro os olhos. Depois mergulha, através das retinas, nos vasos oculares, nas cavidades cranianas – calcinando os miolos. Apodrece-te vorazmente, preenchendo os desvãos das páginas, os poros, o corpo. Avança além escurecendo o céu, a tragar tempestades. Minha fome consome os livros, o fogo, o espírito, os vidros, as armas, as munições, os homens. Percorre e envolve tudo. Uma cobra que come o próprio rabo. Distorce violentamente o próprio corpo – doendo. Aquece, assa, tritura, mastiga, deglute, vomita – lambendo com lábios lascivos – e uiva. Um enorme verme cavalga na tarde, um centauro, um cavalo, um carro, um trem desgovernado. Ela respira ofegante e consulta incrédula o relógio de pulso.


Depois visita os guichês do Serviço Público a procura de ajuda. Desacata amanuenses, atendentes, secretárias, escriturários e chefes de Repartição esmurrando balcões brancos de fórmica asséptica. Respira ofegante. Consulta os relógios. Corre todo o Mundo, cruzando mares, oceanos, continentes, desertos, mergulhando na Selva.

quinta-feira, abril 05, 2007

problemas domésticos, a nega voltou (1 e 1/2)

Dor
Náusea
Enjôo
Ânsia
Febre
Repulsa
Arrepio
Frio
Sede
Medo
E principalmente Gozo
– quando ela passa
bamboleando
os
quadris

eu finjo que não a vejo – mas minha barriga dói